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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2012

LIKE!

 Ana e Adriano estão divorciados há um ano, e divorciaram-se em regime de separação -ou conjugação- de males (o casamento acabou realmente a mal), entre gritos, ofensas, desconfianças, e depois, destas e de outras vias, chegaram a este facto: divórcio! Um ano passou, um ano sem contactos, emails, telefones, sms...nada; um ano sem memórias, ou pelo menos, a evitar as memórias. Até que um dia, (re) descobrem-se um ao outro através de uma amiga comum no facebook. E é ele o primeiro a pedir amizade: pedido de amizade aceite! -Olá! Ana gosta disto. -Há quanto tempo. Está tudo bem? -Sim, tudo! Obrigada. Adriano gosta disto. -Confesso que já há algum tempo que andava para te procurar, por aqui. Uma pessoa gosta disto. -Ah sim? E por que razão me procuraste tanto? O habitual saudosismo no vale das relações mortas? Uma pessoa gosta disto. - E já agora, Cátia. Podes, por favor, deixar de pôr “likes” por tudo e por nada? Adriano gosta disto. ...

NÃO PÁRA, SIGLA, SIGLA!

NÃO PÁRA, SIGLA, SIGLA!   Sigla por aqui! Por aqui é o caminho, ou deverei dizer: sigla até ao atalho, abrevie o seu esforço, e uma sensação de agilidade garanta, tanto nos dedos (poupa na escrita) como na garganta (poupa na fala); seja como for, poupa e poupa mesmo, e este plano de poupança é infalível, sem juros, entradas, TAEG´s, TAN´s, ou essas tangas que deixam um tipo, verdadeiramente, de tanga.   A siglar é que tanta gente se entende hoje em dia. No fabuloso mundo ocidental os DPF´s, os DO´s, os DRH´S, os CA´s , os CO´s ou os CU´s   , embelezam as portas dos gabinetes, e dão pompa aos organigramas estampados em vitrines. Até as casas de banho são sigladas com um espampanante WC e raramente, ou quase nunca, assinaladas como lavabos ou, simplesmente, com o que elas realmente são: casas de banho.   Tudo o que não seja comunicar em formato reduzido já se torna estranho, quase um léxico extraterrestre. Ora como sempre gostei da pinta do ET (cá está, sigla)...

O CUNHA

O CUNHA     O Cunha anda aí, presumivelmente nado e registado (em data por designar) na freguesia de A-dos-Cunhados, fruto da cunhagem entre compadres e comadres, padrinhos e afilhados, tios e sobrinhos; o Cunha não precisa de laços de sangue para viver, e sobrevive por afinidades; é (c)unha com carne com o amigo do amigo que tem um filho cujo pai é amigo   de não sei quem.   O Cunha é um mafarrico de várias caras, usufrui de múltiplos nomes e bilhetes de identidade, o que o torna numa entidade única. O misterioso Mr. C, já foi sócio de loja famosa em parceria com o compadre Tito; já foi Procurador-Geral desta república (cada vez mais cheia de bananas); já foi maratonista (quando ele era ela entre as melhores atletas da altura); já foi ator, estrela de Revista à portuguesa; é nome de três localidades em Portugal, e cidade no Brasil; e é, atualmente, o braço direito de um dos melhores jogadores de futebol do planeta (há quem diga que o emprego de sonho é, mesmo, ser c...

PORTUGLISH

PORTUGLISH   É preciso ser paciente para este inglês que grassa, atualmente, nos terrenos linguistícos do bom do português. Uma coisa são os estrangeirismos, tão genialmente aplicados pelo nosso Eça de Queiroz; outra são os “americanismos” que dariam todas as razões para o nosso escritor perguntar: “essa agora?”. Agora, neste dias, é isto: nas empresas, nas televisões, nas rádios, nos jornais, nos cafés, whatever! - qualquer timing , em qualquer lugar, há sempre motivo para disparar uma boa “inglesada”, muitas vezes disfarçada de cookie americana: you name it !   Fazendo o screening a esta questão os CEO`s, os Head Officers, os Chairmen, romperam com o establishment de um certo tipo de linguagem indoor ; transportaram, outdoor , door to door , o léxico do seu core business para lá das fronteiras do back office ; uma mega operação de outsourcing , feita à revelia   dos advisers , longe do crivo dos sponsors e que criou um sério spin-off nas cabeças dos partn...

TU É QUE SABES!

  Tu é que sabes! Tu é que sabes é capaz de ser das coisas mais mesquinhas e cobardolas que se pode dizer a alguém. No mínimo, é atitude que pode potenciar o recurso, no imediato, a dois ou três Valdisperts dirigidos aos neurónios do interlocutor.   Então: temos a pessoa que pergunta a outrem uma opinião sobre determinado assunto; mas uma opinião do género: “achas que a gravata está direita? “. Depois, surge a resposta: pronta, seca e arrogantemente desferida - “tu é que sabes!”. Caramba! Eu é que sei? Então mas se perguntei,   é porque não sei, certo? Qual é a parte do “o que é que achas …?” que não deu para perceber?   No mundo do trabalho, onde Pilatos continua a lavar as mãos, o “tu é que sabes” tornou-se num paradigma. Tudo a bem da sobrevivência e da autoprotecção. A postura de “só sei que nada sei” poderia, à partida, ganhar uma perspectiva tremendamente socrática. Falo do Sócrates, o genuíno, que dizia que a sua sabedoria era limitada à sua própria ignor...

MÁS VIBRAÇÕES

  MÁS VIBRAÇÕES   O telemóvel não pára; o telemóvel nunca pára; o telemóvel devia parar. Ele bem tenta mudar o toque, semanalmente, no mínimo, para tentar variar. Mas não dá: continua a tocar...invariavelmente. Sim, claro, há  sempre a opção silêncio; mas, mesmo assim, lá está ela a olhar para ele, com sorriso sarcástico e pseudo-vitorioso: a “chamada não identificada”. A chamada que ele identifica como indesejada. Quer dizer, ele imagina quem seja; e é, de certeza, quem ele não quer que seja. O tipo do banco a vender um cartão de crédito sem custos; uma editora a propor a assinatura anual de uma parafernália de revistas, em troca de um fim de semana, para duas pessoas, pequeno-almoço incluído, numa rede hoteleira na Madeira, Açores, Lisboa ou Algarve. “O que é que acha, senhor fulano de tal. É bom, não é?”. Espera aí! Então pergunta e dá logo a resposta? Mas isto faz algum sentido? “Senhor sicrano, pode disponibilizar-me um tempinho?” E o que é que...

CROCS E ESCROQUES

  “C´est une croque, monsieur!”. O homem estava ao balcão daquela pâtisserie perto dos campos Elísios, no último dia de uma visita de trabalho a Paris. Provou, deliciado, aquele petisco tão francês que “estala nos dentes, senhor!”. Ficou tão envolvido na degustação do snack, que mal regressou ao país, colocou em marcha a operação Croc, em homenagem à sandwich francesinha. E, em pouco tempo, lançou para o mundo aquele calçado – que os experts da moda insistem em rebaixar à condição de meras e bregas sandálias de borracha. Eles são rosas, eles são verde-alface, eles são feios, eles são maus (para os pés, segundo os mesmos especialistas); e se eles são porcos, não sei, porque nunca os usei.   A verdade é que o tipo (canadiano, já agora), com este one-hit wonderer , tornou-se multimilionário. Como aqueles fenómenos de uma banda que só faz uma boa musica, um realizador que só faz um bom filme, um poeta que só faz um bom poema ou um jornalista (glup!) que só faz um bom artigo...

O HOMEM QUE ESTÁ SEMPRE ATRÁS

 Antes de mais, e de tudo, convém esclarecer, e para evitar memorandos de desentendimentos, que o título não contém figurativos maliciosos, nem sequer traz outras conotações, muito menos segundas intenções. Nada; é apenas um título sobre o homem que fica, realmente, sempre atrás. Não exerce qualquer tipo de poder, mas pode gozar os dois minutos (se tanto) de fama, na peça do telejornal.  Aquela figura que vemos, tantas vezes, atrás dos políticos, sempre a dizer que sim, em plena concordância com que está a ser dito, mesmo que seja sobre a maior alarvidade do planeta. “O desemprego é necessário ao país”- lá está o homem, assinando e acenando por baixo; “os portugueses têm de se deixar de pieguices”- pois claro, pois claro; “ o melhor é emigrarem, porque daqui já não levam nada”- ah pois têm, pois têm! E acena porque grama mesmo esta cena de estar a dizer que sim e aparecer na televisão. E, sempre, tudo acompanhado de um sorriso cúmplice; nas redes sociais, seria o tipo que ...

OBRIGADO POR TUDO

  Este texto foi escrito por Ricardo Falcão, guitarrista e compositor da banda portuguesa "Forgotten Suns". Uma reflexão, comovente e inspiradora, sobre a vida e os seus paradoxos. “Obrigado por tudo”  O Universo desenha curiosos trajectos para as nossas vidas. Sinuosos, coloridos, trágicos ou de ascenção...uma viagem com bilhete de ida assegurado e de destino incerto. Incerto da nossa perspectiva humana, somos frágeis e inteligentes mas damos tiros nos pés com muita facilidade. Constato que ainda somos demasiado dependentes de uma herança escrita tendenciosamente manipuladora ou de histéricas ficções colectivas para regermos as nossas vidas, fabulando sobre o que nos espera após o derradeiro passo: um perfeito Céu ou um escaldante Inferno, ambos à nossa espera de acordo com os pecados ou boas acções que praticámos diariamente. Ou então ainda, uma visão menos 'romântica' em que nada existe para além da matéria e apenas nos desligamos como um botão on-off, sem co...

OS RESULESTADISTAS

OS RESULESTADISTAS   O mundo está cheio de resultadistas. Daqueles que precisam de resultados, querem resultados, dependem de resultados. O resultado alimenta-os, vive-lhes e sobrevive-lhes. Para eles não há passado nem presente: só futuro. São os resul-estadistas: os tipos que estão, permanentemente, em estado de resultado, em ponto de resultado; pessoas versadas nos princípios ou na arte de governar resultados.   Treinador sem resultados, despedido; funcionário sem resultados, rua; gestor sem resultados, dispensado; político sem resultados, é cedido ao Conselho de Administração de uma qualquer empresa pública, mas sai…por falta de resultados; televisão sem audiências, pânico; jornais sem vendas, despedimento coletivo.   O resultado vícia, coabita a mente, toma-a com absoluto poder e despudor, o ego enche-se de pavonices e parvoíces. Sim, confesso: já me passou pela cabeça qual vai ser o resultado deste artigo, ao pensar em quantas pessoas o vão ler. O ...

A REUNIÃO

  A união entre duas pessoas é uma das coisas mais belas criadas no Universo. Mas uma reunião entre duas pessoas pode tornar-se num infeliz evento, absolutamente diabólico, uma verdadeira atividade paranormal, ou para anormais, visto que, nestas situações, os protagonistas saiem das suas normais classes de conforto, e entram, desvairados, em zona de confronto.   Esta pequena viagem é, portanto, feita em classe turística. Sim, porque deveria estar prevista no roteiro de qualquer turista que nos visite assistir, ao vivo, ao desenrolar de uma reunião tipicamente portuguesa.   Então: temos duas mulheres opostas em tudo, até mesmo nos lugares que escolhem para se sentar na mesa. A mais velha (a chefe), já para lá dos 50, está com os olhos mergulhados no laptop , a verificar os resultados das vendas desse dia. Do outro lado a mais novinha (a subordinada), nervosa, ansiosa, o olhar fixado no infinito, a espremer borbulhas da cara. -Isto assim n...

PRÉMIOS GIROFLÉ

  Estes são prémios, sem caráter oficial, ou monetário, atribuídos em círculos, quadrados, e triângulos de amigos. Trata-se de distinguir a pessoa que protagonizar a gaffe mais invulgar e, claro, que provoque o maior número de risadas, e que leve toda a gente a fugir para bem longe, para não se ser identificado com tal criatura. Os melhores prémios são aqueles que se perpetuam no tempo, e nunca perdem graça. E são histórias reais! Histórias que se contam à mesa, num jantar, numa almoçarada, numa caracolada ou, simplesmente, entre várias Imperais. O objetivo é o mesmo: rir e gozar. Por isso: enjoy it!   Um casal está a passear no campo, em pleno Alentejo. Estão felizes, apaixonados, e a descontrair das altas pressões que a cidade impõe. Sentam-se à sombra de uma árvore, apreciando o ambiente, respirando os cheiros, renovando energias. De repente, o homem inspira-se de romantismo e diz: -Olha ali, amor. Que fixe! Uma avestruz! ...

PARA LÁ DA CHUVA

PARA LÁ DA CHUVA (Desvendando a letra de “Sky Above the Rain” dos Marillion) http://youtu.be/clwkBtzYb0g     Um amante que ama uma mulher que o ama, mas não o quer. Um amante que ama a pureza e a simplicidade do Amor. Um amante que ama ver e sentir para além de...Um amante que ama e ousa ultrapassar as aparências, e o que está à superfície da pele. Um amante que diz "Amo-te", mas não o diz por dizer. Diz porque sente, diz porque...Ama! A liberdade que ele quer descobrir, o tentar ver o céu azul, para lá da chuva. É, unicamente, a liberdade de amar sem condições, sem obstáculos. É amar para além do corpo, amar, sinceramente, no mundo dos sentidos.   É ela , a tal, que o   ama , mas não o quer. A ele, o tal, que a ama, mas não a vê, que a abraça, mas não a sente, voa sem sair do chão, sonha, transcende, só por ela, e para ela. É ela, a tal, para quem ele olha, mas não a vê...agora!   Ele já lá esteve: naquele lugar onde o sol nunca pára de brilhar, ...

PARA AS CRIANÇAS...

.   AMIGOS PARA SEMPRE Uma história para a turma da minha filha, na altura com quatro anos.    Binho, Finho e Zinho são três amigos que vivem na Baía dos Golfinhos. Eles são inseparáveis, e todos os dias é o Zinho, o mais velho do grupo, que vai acordar os outros para irem trabalhar.   -Vamos, seus preguiçosos! Toca a acordar! (diz o Zinho, todo entusiasmado).   Mas os amigos não parecem estar com muita vontade: -Uuuuuaai! Mas   que horas são? (boceja o Binho). -Mas que mania tens de levantar-te cedo!, resmunga o Finho, virando-se para o outro lado da cama. -Vá lá, vá lá! São horas de ir apanhar sol e dar uns saltos. Vá, mexam essas barbatanas!. (ordena o Zinho, enquanto empurra os outros para fora dos lençóis). -Mas…que berrata é esta, que estou a ouvir? (pergunta o Binho, ainda estremunhado). -Grunf! São as focas, de certeza! A esta hora…. (refila o Finho). -Oh seus cabeças de alho xoxo! (exclama o Zin...