Tu é que sabes! Tu é que sabes é capaz de ser das coisas mais mesquinhas e cobardolas que se pode dizer a alguém. No mínimo, é atitude que pode potenciar o recurso, no imediato, a dois ou três Valdisperts dirigidos aos neurónios do interlocutor. Então: temos a pessoa que pergunta a outrem uma opinião sobre determinado assunto; mas uma opinião do género: “achas que a gravata está direita? “. Depois, surge a resposta: pronta, seca e arrogantemente desferida - “tu é que sabes!”. Caramba! Eu é que sei? Então mas se perguntei, é porque não sei, certo? Qual é a parte do “o que é que achas …?” que não deu para perceber?
No mundo do trabalho, onde Pilatos continua a lavar as mãos, o “tu é que sabes” tornou-se num paradigma. Tudo a bem da sobrevivência e da autoprotecção. A postura de “só sei que nada sei” poderia, à partida, ganhar uma perspectiva tremendamente socrática. Falo do Sócrates, o genuíno, que dizia que a sua sabedoria era limitada à sua própria ignorância; e ele próprio não se proclamava sábio. Portanto, se o próprio Sócrates não sabia, por que razão hei-de eu saber? “Tu é que sabes!”…Não, não sei! E, sinceramente, já estou com raiva de quem saiba.
E, agora, estas duzentas palavras serão suficientes para votares neste texto? Tu é que sabes!
RUI MIGUEL MENDONÇA
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