Já te viste ao espelho, hoje? Já – realmente -
tiveste a curiosidade de quedar-te perante um espelho, hoje? Já, a sério? E o
que viste? Deixa-me ser eu a dizer o que viste: um fantasma; um cabrão de um
fantasma de ti próprio, um egoísta de primeira; um desamado, que, desalmado,
percorre o mundo –há anos- à procura de alguém que o desmame nas práticas do
verdadeiro amor; uma alma penada, carregada de uma vida penosa- e peneirosa. Assim mesmo: uma vivência cheia de peneiras, a
trabalhar para o físico, a moldar o aspeto, a querer ser um super-eu, em vez de
ser (simplesmente) um EU.
E EU – este EU- em boa verdade te escrevo:
recomeça tudo. Volta para a cama, aleita-te (e deleita-te) por uns bons cinco
minutos – em total abasia. Respira, inspira, expira -inspira-te. Depois, no
primeiro espelho que encontrares, olha-te, descobre-te com um ser jucundo. E
beija-te. E abraça-te. E lambe-te. Gosta de ti. Acarinha-te: AMA-TE!Não é imagem, nem reflexo: és TU- o que TU és. Tudo o que podes ser. E o que fores – se fores mesmo a sério- terá reflexo em tudo o que fizeres na tua vida. E em tudo o que disseres na tua vida. E em e tudo o que pensares sobre a tua vida. Em tudo o que quiseres da tua vida. Vê-te. Gala-te. Contempla-te: és TU: o teu primeiro amor. Não há ninguém mais belo do que TU. É o espelho de ti, que espelha bem o que gostarias de ser: e de ter. E descobres que, afinal, aquilo que tu queres ser: já És; aquilo que queres ter- já tens.
Esteve sempre aí: dentro do teu EU.
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