O ÚLTIMO LANCE
Imperturbável, claro, assertivo. Olhar frio, distante, mas com a perfeita noção de que estava ali para revelar uma verdade- a sua verdade- perante o mundo -perante a vida. Assumiu tudo – com alguns rodeios (não arrastou pessoas para este confessionário público) -, de consciência declaradamente intranquila. Quando vemos alguém a admitir –alguém que admiramos, ainda por cima, ou que... nos habituámos a admirar- o que, apenas, se suspeita (e recusamo-nos a acreditar) é o choque: o soco no estômago. E depois a raiva. E depois o ego em toda a sua plenitude: a sensação de engano, o desconforto da mentira, o aperto do logro; e a vontade de julgar, o ímpeto de condenar, o impulso de sentenciar. O de desejar tanto mal que coloca o réu sem outra saída que não seja viver eternamente num homizio. Um homiziado, um foragido, um proscrito. Esquecendo – ou querendo esquecer- que Lance Armstrong é, também, por incrível que pareça, um ser humano. Um ser (como qualquer humano) que ambicionou o êxito, conquistou o mundo, e cegou com a glória. Ludibriou os fãs, e todos os que o aclamaram. Mas acima de tudo, ludibriou-se a ele próprio; deixou-se levar pela mais diabólica armadilha do materialismo: o poder. Subir as alta montanhas dos Alpes ou dos Pirinéus, isso, só, não chega; mas não chega para nenhum de nós: sim, nós que também erramos. Eu erro, tu erras, ele erra, eles erram. Todos erram. E é o erro que comanda a vida. E é o erro que faz tudo isto mexer…e avançar. E Lance Armstrong avança, a partir de agora, para um outro nível de consciência : porque o mal depende totalmente do nível de consciência de cada um. Martirizá-lo até à inconsciência é crime: pior, até, do que uma transfusão de testosterona.
RMM
Imperturbável, claro, assertivo. Olhar frio, distante, mas com a perfeita noção de que estava ali para revelar uma verdade- a sua verdade- perante o mundo -perante a vida. Assumiu tudo – com alguns rodeios (não arrastou pessoas para este confessionário público) -, de consciência declaradamente intranquila. Quando vemos alguém a admitir –alguém que admiramos, ainda por cima, ou que... nos habituámos a admirar- o que, apenas, se suspeita (e recusamo-nos a acreditar) é o choque: o soco no estômago. E depois a raiva. E depois o ego em toda a sua plenitude: a sensação de engano, o desconforto da mentira, o aperto do logro; e a vontade de julgar, o ímpeto de condenar, o impulso de sentenciar. O de desejar tanto mal que coloca o réu sem outra saída que não seja viver eternamente num homizio. Um homiziado, um foragido, um proscrito. Esquecendo – ou querendo esquecer- que Lance Armstrong é, também, por incrível que pareça, um ser humano. Um ser (como qualquer humano) que ambicionou o êxito, conquistou o mundo, e cegou com a glória. Ludibriou os fãs, e todos os que o aclamaram. Mas acima de tudo, ludibriou-se a ele próprio; deixou-se levar pela mais diabólica armadilha do materialismo: o poder. Subir as alta montanhas dos Alpes ou dos Pirinéus, isso, só, não chega; mas não chega para nenhum de nós: sim, nós que também erramos. Eu erro, tu erras, ele erra, eles erram. Todos erram. E é o erro que comanda a vida. E é o erro que faz tudo isto mexer…e avançar. E Lance Armstrong avança, a partir de agora, para um outro nível de consciência : porque o mal depende totalmente do nível de consciência de cada um. Martirizá-lo até à inconsciência é crime: pior, até, do que uma transfusão de testosterona.
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